Apresentação

Olá, amigos do AvaliaSom. Este que eu vos trago é o Kinera Freya 2.0, fone que está sendo lançado oficialmente neste momento, e que me foi gentilmente emprestado pelo meu amigo Tuti, sem qualquer compromisso ou obrigação de falar bem do fone, e portanto apenas fornecerei as minhas opiniões sobre o tal. Muito obrigado, Tuti!

Este fone custa a partir de 269 USD (ou 480 USD aplicando-se os 92% de impostos brasileiros), e caso seja do seu interesse adicioná-lo ao seu portfolio, eu lhe convido a utilizar o meu link de afiliado para comprar pelo Aliexpress e contribuir com o meu trabalho. Obrigado desde já.

OBS: Os links de afiliado não influem sobre o meu feedback a respeito dos produtos.

Como é de costume na linha de fones da Kinera, esta é mais uma homenagem aos deuses nórdicos. A deusa da vez é a Freya, comummente associada à beleza, mas também associada com guerra e morte, com o ouro, com a sensualidade e também com a atração. Ela é filha de Njord, o deus da plenitude (ou do mar) e de Nerthus (embora alguns autores a considerem filha de Skadi, a deusa do gelo). Freya vivia sempre em sofrimento, à procura de seu marido perdido Óðr. Por sinal, este daria um belo enredo para um Fado Português.

Freya, a deusa. (Fonte)

Brava e valente, Freya bateu ombros com Thor no comando do exército conjunto das tribos Vanir e Aesir, e retornou para casa nomeada pelo próprio Odin como “Deusa da Guerra” e elevada ao posto de líder dos deuses Aesir, dada a sua formidável performance no combate aos gigantes. Não satisfeito, Odin também presenteou Freya com um nagnífico palácio, cuja metade dele foi dedicada aos heróis caídos do Valhalla, e a outra metade ficou reservada ao treinamento de guerreiros para a causa de Odin.

“O amor e a beleza estão ao meu comando”, é o que diz na belíssima caixa do Freya 2.0. É aquela caixa padrão dos fones mais refinados da Kinera (como o Odin que testei em vídeo), em formado hexagonal. Toda em tons de azul, traz o nome do fone na frente e detalhes sobre ele na parte de trás. Sua arte me lembra o movimento de um mar revolto, porém cristalino, um contraste entre a beleza e a brutalidade tal qual a própria deusa Freya.

Do lado de de dentro, o usual agradecimento da Kinera por ter sido escolhida e, logo abaixo, um folder traz uma mensagem de Cynthia Hwang, a artista principal da Kinera e designer responsável pelo Freya 2.0. Deixo aqui os meus sinceros parabéns à artista, afinal este é possivelmente o fone mais bonito que eu já tive em mãos.

Há também um outro folder expansivo, que traz uma riqueza de detalhes sobre o fone, a sua história e uma breve apresentação da deusa Freya. E, logo abaixo, o berço de espuma que traz nichos para os fones, um dos plugues do cabo modular, as ponteiras K-07 (balanceadas) e 221 (vocais) em uma régua de metal e a case, que é outra obra de arte: toda branca, com o nome da marca em destaque e tons coloridos emoldurados em dourado, mais uma referência à deusa Freya. Ademais, dentro da case está o cabo modular de excelente qualidade (0.78 mm 2-pin para o fone com plugues 3.5 ou 4.4 mm) e as ponteiras Type E da Final Audio.

E falando dos fones, eles são belos a ponto de me fazerem exclamar um palavrão ao primeiro contato. Repito, talvez estes sejam os fones mais belos que eu já vi até hoje. O corpo é todo feito em resina, inclusive o nozzle, e a shell é toda transparente, permitindo ver em detalhes a intimidade dos fones. O faceplate traz o mesmo gradiente de azul da caixa, com o nome do fone ou da marca em destaque, e alguns pontos de brilho e outros de transparência. Trata-se de uma beleza que salta aos olhos!

Detalhe do DD no interior do fone. (Foto: AvaliaSom)

A sonoridade do Freya 2.0 é gerada por uma combinação híbrida de um driver dinâmico de 7 mm e 3 armaduras balanceadas da Knowles, cujo modelo não é divulgado pela Kinera. Tudo é orquestrado por um sistema de crossovers de 3+1 vias (montado em cada driver, sem PCB) e 3 tubos acústicos separados.

Conforto

Belíssimo encaixe. (Foto: AvaliaSom)

Nos meus ouvidos, o Freya 2.0 se encaixou perfeitamente. Seu formato é ergonômico, lembra o de fones custom, e casa bem com as minhas orelhas. O fone não tem tamanho exagerado, e embora o nozzle seja relativamente largo (com 6 mm de diâmetro), não tive problemas quanto a isso, pois utilizei as ponteiras L para vedação logo na entrada. Mesmo com a saída de ventilação na traseira para o DD, ele gera bastante pressão no canal auditivo, entregando também um excelente isolamento passivo e ótima vedação.

Sonoridade Musical

Eu experimentei o fone em variadas fontes, que são: iPhone SE (meu “DAP”), Laptop Dell, Apple Dongle, Truthear Shio, iFi Uno, Cayin RU6, Topping G5 e Topping DX3 Pro+.

A propósito, eu convido vocês para conhecer a minha playlist de teste para fones de ouvido no Spotify. Esta é uma playlist dinâmica, e as músicas podem mudar a qualquer momento, porém sempre seguirão o propósito de apresentar todos os pontos que eu menciono na minha avaliação musical dos fones.

A respeito das fontes, o Freya 2.0 toca fácil em qualquer fonte, e escala de acordo com as particularidades de cada chip de DAC. Eu preferi fontes frias (chips ESS) para apreciar a sonoridade deste Kinera.

  • Graves: Nível 4/5, Extensão 5/5, Velocidade 5/5, Textura 5/5

De cara o Freya 2.0 me agradou com essa deliciosa presença de subgraves. Comecei ouvindo um “What It Is” e já nos primeiros segundos da faixa, este Kinera me entrega até a mais cavernosa das batidas. Mas não se engane, a intensidade está ali na medida certa, são graves que você sente mais do que efetivamente ouve. E há mais presença de subs do que médio graves.

E por falar em sentir, que delícia de textura o Freya 2.0 entrega em um “Drum Solo”, com bumbos de bateria tão intensos, sedosos e naturais que parecem palpáveis. Com os devidos descontos, os graves deste Kinera me lembram os graves do AudioDream Vertere. Com isso, a linha de baixo em um “Como Tudo Deve Ser” soa de forma bem presente, um verdadeiro ode à habilidade do saudoso Champignon.

Cellos e contrabaixos soam com muita vivacidade, e ouve-se um “Fade to Black” como se o próprio Apocalyptica estivesse materializado na sua sala. Ademais, para encerrar, os graves do Freya 2.0 entregam velocidade mais do que suficiente para apreciar um Ne Obliviscaris sem qualquer atropelo de notas.

  • Médios: Nível 3/5, Presença 5/5, Claridade 4/5, Vozes 5/5

Dada a história da Freya, eu ficaria triste se este fone não tivesse médios suficientes para tocar uma Ana Moura da melhor forma possível. E sim, o Freya 2.0 traz sim toda a beleza e dor de um Fado Português, e eu poderia ouvir MARO todos os dias do resto da minha vida com este fone nos ouvidos.

E apesar do recuo no início da faixa dos médios, as vozes masculinas não soam apagadas, e podemos notar isso tanto em faixas como “Shy” do Sonata Arctica quando em um “Sixteen Tons”. De fato, as vozes se fazem muito presentes em qualquer situação, bem como todos os instrumentos que se valem da faixa média, em especial solos de guitarra, como em um “This I Love”, onde a claridade e naturalidade encantam por demais.

No tocante aos médio-agudos, a própria Kinera diz que tunou a BA Knowles para eliminar qualquer agressividade comum aos fones chineses, e de fato eles atingiram este objetivo. Há sim uma grande intensidade na voz da Louane, porém ela nunca passa do ponto, e não notei qualquer vestígio de sibilância excessiva, nem mesmo em faixas que trazem essa característica, como um “Hello” do Evanescence.

  • Agudos: Nível 5/5, Brilho 5/5, Arejamento 4/5, Extensão 4/5

Na questão dos agudos, eu percebi o Freya 2.0 repetir uma característica que eu já havia notado no QoA Aviation (a QoA é uma marca irmã da Kinera): os agudos parecem ser tocados por um tweeter de caixa, ou seja, são agudos que se destacam positivamente das outras frequências, e nota-se isso nos triângulos de um “Frevo Mulher”, por exemplo.

Em paralelo, há uma profusão exemplar de brilho, e um splash delicioso nos pratos de um “September in Montreal”, com um timbre tão correto quanto apaixonante. A forma como os agudos são confortáveis e ao mesmo tempo selvagens parece ser mais uma alusão à Freya, deusa do amor e da guerra. Isso foi proposital, Kinera?

E o violino da Lindsey Stirling? Vai muito bem, mas para os meus ouvidos falta um pouco mais de extensão e uma pontinha a mais de brilho. Ok, eu sou treblehead, então você pode relevar isso, afinal os agudos do Freya 2.0 são mais do que corretos para pessoas normais.

  • Tecnicalidades: Palco Sonoro 5/5, Imagem 5/5, Layering 5/5, Separação 5/5, Detalhes 5/5, Resolução 5/5

O Freya 2.0 é um exemplo do que eu considero um fone ideal nas tecnicalidades. Ele vai bem em tudo, exatamente tudo! A começar pelo palco sonoro, que é deliciosamente holográfico e amplo na medida certa. Para um fone de 269 USD, este é o nível de amplitude que eu espero ouvindo esta faixa da Gal Costa, por exemplo.

E para completar o belo palco, uma imagem magnífica. Poucos fones me deram tanto prazer ao ouvir “Angie” como este. Por sinal, junto imagem, layering e separação de instrumentos no mesmo pote para dizer como a sonoridade do Freya 2.0 é distinta. A Kinera caprichou tanto na separação das frequências que eu pareço estar ouvindo o som gerado por um belo par de caixas. Cada faixa do espectro está no seu devido lugar, sem atropelos e com muita claridade de exatamente TUDO!

O seu nível de detalhes também está em outro patamar, entregando cada pormenor das faixas, me lembrando a surpresa que eu tive quando ouvi o Audiosense DT200 pela primeira vez. E, por fim, a sua resolução é tão notável que vai além da faixa de preço na qual o Freya 2.0 se encontra.

Sonoridade em Jogos

Para jogos de battle royale, como o PUBG, a experiência é fabulosa. Há uma excelente percepção de oponentes em qualquer direção no espectro, inclusive com boa identificação vertical da localização destes. 10/10 sem pensar duas vezes.

Já em jogos de FPS, como um CS2 (sem alterar as configurações de som), novamente o Freya 2.0 excede! Ele é notável na apresentação do som da movimentação de oponentes, e ainda que os graves sejam ligeiramente intensos, não mascaram o som de passos nem mesmo nas situações mais complexas.

Em jogos casuais o brilho do Freya 2.0 continua notável, com muita tridimensionalidade e uma sensação de mundo vivo e natural em um Red Dead Redemption, por exemplo. É notável como ele retrata bem desde o cantar de pássaros às mais apocalípticas explosões.

Por fim, em jogos de simulação ele fica devendo um pouco mais de calor na sonoridade de motores, ainda assim é intenso, e a experiência vai ser muito boa de qualquer forma.

Sonoridade em Filmes, Séries e Podcasts

Pensando em filmes, o Freya 2.0 vai bem em qualquer gênero, e eu tive o prazer de assistir “A Bailarina” com ele, vibrando nas cenas de ação, dada a intensidade da imersão que o fone proporciona.

Para quem procura um fone para estudo ou trabalho, a sonoridade de vozes do Freya 2.0 é excelente, e ele se sai bem até quando a qualidade da voz do interlocutor não é muito boa.

Conclusão

Os nórdicos acreditavam que, ao morrer em batalha de forma honrosa, eles seriam levados ao Valhalla pela própria líder das Valquírias. Sim, a própria Freya, uma deusa apaixonada por música, que quando chora, transforma suas lágrimas em âmbar ou ouro. Talvez a Cynthia Hwang seja a reencarnação da própria Freya, e estas jóias sejam lágrimas da deusa.

Fato é que o Freya 2.0 seduz e encanta o tempo todo. Do unboxing à brutal execução das faixas mais complexas, este fone parece ter sido criado para ser dono dos sentimentos de quem o utiliza. É pura excelência, e digo sem medo de soar hiperbólico. É bom mesmo!

Este é um fone que tem potencial para agradar a qualquer público, com ótima capacidade de tocar bem qualquer música, performar bem em jogos, servir como alento nas reuniões infinitas ou ainda atuar como companheiro em um belo filme. É um fone excelente, e ainda que existam fones melhores acima dele, você só gasta além dos 269 USD se quiser.

Quando eu morrer, espero que seja com honra. Quando a Freya vier me buscar, colocarei ela para ouvir Fado no Freya 2.0, e depois vocês me agradecem pela chuva de lágrimas douradas.

Grande abraço!

2 respostas para “Kinera Freya 2.0”

  1. […] Até 300 USD – Kinera Freya 2.0 (link/review) […]

  2. […] textura. As notas mais baixas do cello do Mozart Heroes não me soam tão palpáveis quanto em um Kinera Freya 2.0 por exemplo. O mesmo pode-se dizer da linha de baixo do Champignon: é muito bom de ouvir, mas […]

Deixe uma resposta

Trending

Descubra mais sobre AvaliaSom

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading